Natural de Apodi, adotado pela cidade de Mossoró, morreu
ontem aos 83 anos de idade (ver matéria na página 2) dom José Freire de
Oliveira Neto
Segundo bispo com origens fixadas na região, dom José
governou a diocese durante 20 anos.
Com duas décadas de atuação direta no comando da Igreja em
nível regional, dom José Freire pertence à safra dos bispos de grandes ideais,
que marcou a era de ouro da Igreja no Brasil. Na diocese, ele foi o bispo que
abriu as portas da Igreja para os leigos,criou as assembleias de pastoral,
aplicou o planejamento participativo e reacendeu as pastorais sociais
Pertencente à geração dos militantes da Igreja
PósConciliar,tinha opções eclesiais claras e dedicava seu trabalho a causas
nobres,ao lado de grandes religiosos do Nordeste, como Aloísio Lorscheider,
José Maria Pires, Hélder Câmara, Paulo Evaristo, Eugênio Sales e Luciano
Mendes.
comando da Igreja na Diocese de Mossoró, dom José Freire foi
responsável pelo desenvolvimento de um importante trabalho num período de
transição sociopolítico do país
Naquela época,1984,ainda vivendo sob a ditadura militar,havia
no episcopado brasileiro uma natural divisão entre os bispos
Mesmo diante da instabilidade dom José optou ficar do lado do
povo, lutando pelo resgate da democracia, justiça social e pela liberdade de
expressão
Iniciou seus estudos de padre no Seminário de Santa
Teresinha, em Mossoró, deu andamento no Seminário de São Leopoldo (RS) e
concluiu com o mestrado em Ciências da Educação, com especialização em
Catequese,pela Pontifícia Universidade Salesiana, em Roma.
"Era nostálgico e,ao mesmo tempo, divertido, escutar dom
Freire falando da sua bela história vocacional. Várias vezes, no Seminário de
Santa Teresinha,tivemos a oportunidade de escutá-lo: narrava com detalhes,
desde o dia em que chegou de trem a Mossoró para entrar no seminário menor,
suas viagens de navio a São Leopoldo, sua relação de amizade com Sátiro e
Américo, que, na época, também eram seminaristas", destaca o padre Talvacy
Chaves, que estuda Comunicação Social em Roma
Após décadas dedicadas à religião e às causas sociais, dom
José Freire parte deixando uma marca no zelo pelas pastorais sociais: Ceapac
(Centro de Apoio a Projetos Alternativos Comunitário),CPT (Comissão da Pastoral
da Terra) Cáritas, Pastoral da Criança,entre outras. "Dom Freire entendia
que ser pastor em uma realidade onde a maioria vive à margem
dos direitos humanos básicos, não priorizar a pastoral social, seria como
marginalizar na Igreja o próprio Jesus Cristo,ou seja,relativizar o tão sonhado
Reino de Deus,revelado por Jesus nas Bem-Aventuranças de Mateus", conclui
Talvacy Chaves.
FONTE – O MOSSOROENSE, DE 11 DE JANEIRO DE 2002
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